sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Pranchas conectadas

Edinho Leite fala sobre o leash, a ligação entre surfista e prancha que modificou o esporte.




Um pouco de história... O famoso Jack O’Neill, criador das roupas de borracha, teve sua imagem facilmente reconhecida por seu tapa olho e a longa barba ao estilo pirata. A invenção que modificou a história do surfe tem tudo a ver com isso.

Pat O’Neill, filho de Jack, havia criado o leash, em 1970. No ano seguinte, Jack perdeu a visão de um olho, num incidente com um protótipo de leash que estilingou sua prancha de volta, em sua direção. Ela o atingiu bem no olho.

O irônico é que ele estava testando a invenção do filho pela primeira vez. A princípio a “cordinha” era presa ao bico da prancha e atada à mão. Depois foi lá para a rabeta e ligou-se ao pé do surfista. O leash tornou-se um equipamento indispensável no desenvolvimento do surfe moderno.

Aqui no Brasil, nos anos 70, a galera fabricava cordinhas com fio de nylon dentro de um tubo elástico (maior do que o fio de nylon) e prendia esse estilingue num furo feito na quilha fixa de suas monoquilhas. Com o tempo, os leashes importados surgiram aqui e ali e a indústria tupiniquim começou a desenvolver seus próprios produtos, chegando à solução do tubo de uretano, “distorcedores” e velcro na pezeira.

Duvido que tanta gente surfasse hoje se não houvesse o leash e a conexão que ele criou entre pranchas e surfistas. O equipamento deu mais segurança aos iniciantes, que já não precisavam ser ótimos nadadores. Depois do leash, banhistas já não viam surfistas como malucos que jogavam aquelas coisas pontudas, com uma foice na parte de baixo, contra eles.

De repente, quem já surfava bem pôde pegar ondas na frente de costões de pedra ou picos muito de outside sem o medo de perder sua prancha ou a vida. As manobras podiam ser tentadas mais vezes, sem a necessidade de ter que nadar até a praia cada vez que davam errado. O risco foi minimizado, o único medo agora era a risada dos amigos. Resumindo, o leash impulsionou o esporte.

Há um lado esquisito nisso tudo, como o fato de alguns surfistas não saberem realmente nadar, ou haver gente sem habilidade suficiente se jogando em ondas onde não deveriam se arriscar, mas, no geral, o leash criou muitos benefícios.

Em ondas pequenas, em picos sem crowd, é legal fazer um surf “wireless”, se você se garante na natação e/ou bodysurf. Longboarders, especialmente os mais clássicos, preferem o surfe “wireless”. A sensação de liberdade nas ondas é ainda maior. Mas esse equipamento merece nossos agradecimentos, investimento e cuidados.


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Os primeiros modelos de leash, criados por Pat O’Neill, eram presos no bico da prancha e conectados ao pulso do surfista. Foto: Reprodução.


 


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Existem leashes de 4 a 12 pés de comprimento, ou mais. Tudo depende do equipamento com o qual você vai surfar e em que tipo de ondas. Foto: Reprodução.




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O ralinho, como muitos chamam o artefato onde hoje prendemos nossas cordinhas, só surgiu anos depois da invenção do leash. Antes furava-se a quilha para prender o nylon do leash. Foto: Reprodução.


 


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Os leashes podem variar de 4,5mm a 8mm de espessura, normalmente. Os mais finos são feitos para competição e ondas pequenas. Há leashes com dimensões ainda maiores quando o surfe rola em picos como Jaws, por exemplo. Foto: Reprodução.


 


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Para equipamentos como bodyboard ou SUP, existem leashes moldados em forma de mola. Foto: Reprodução.


 


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Há uma ótima diversidade de modelos, com um ou dois giradores, ocos para que o leash flutue e não enrosque numa bancada de corais rasa e outros detalhes. O ideal é ter sempre um leash para cada tipo de onda e prancha. Foto: Reprodução.




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